domingo, 15 de junho de 2008

Por Alessandro Faria

Após a Segunda Guerra Mundial, algumas ferramentas de avaliação no sentido de medir os problemas que acontecem no mundo fazendo parte de um sistema único, começam a ganhar mais espaço.

Os exemplos obtidos para concretizar alguns experimentos surgem dos mais variados referenciais, e nesse sentido qualquer contribuição comprometida com a melhoria da qualidade de vida e da harmonia dos sistemas vivos no nosso planeta possuem um aspecto diferencial sobre os demais. Entretanto algumas atividades possuem relações estreitas com a Cultura Visual e Material, de maneira a não respeitar fatores primários como: recursos naturais, relações sociais humanas e sobretudo a garantia das futuras gerações.
Esta atividade de importante reconhecimento e eficácia se sistematizou principalmente para ajudar a reconstruir as mazelas oriundas da Guerra e após essa fase de reconstrução, se estabelece como uma ferramenta no auxílio do cotidiano das pessoas. A essa atividade denominou-se Desenho Industrial, que mais tarde se tornaria DESIGN e tomaria outros rumos; Rumos estes bem diferentes dos que essencialemente os originou.

Os anos 70 representaram um momento de aumento da preocupação da sociedade com relação à questões ambientais. Uma série de grandes acidentes ambientais e a progressiva degradação da qualidade de vida urbana fizeram com que a atenção da sociedade civil, da comunidade acadêmica e dos governos se voltasse para a dimensão ambiental do desenvolvimento econômico.
Em 1972, em Estocolmo, aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano. Foi a primeira vez que representantes dos países industrializados e em desenvolvimento se reuniram para discutir, exclusiva e sistematicamente, a questão meio ambiente global e o desenvolvimento do planeta. Esta conferência obteve resultados expressivos como a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. O desenvolvimento posterior de uma série de Conferências da Organização das Nações Unidas voltadas para temas como a alimentação, moradia, população, direitos humanos e a condição de vida se tornaram uma pauta constante.
Nessa direção a ONU promulga que a responsabilidade pelo consumo sustentável é compartilhada por todos os membros e organizações da sociedade, tendo um papel particularmente importante as empresas, organizações de trabalho e organizações de consumidores e ambientais. Consumidores informados tem um papel essencial na promoção do consumo ambiental, econômica, e socialmente sustentável, através, inclusive, dos efeitos de suas escolhas sobre os produtores.
Os Governos devem promover o desenvolvimento e implementação de políticas para consumo sustentável e a integração dessas políticas com outras políticas públicas.
Esses parâmetros tem nos ajudado a orientar o caminho do desenvolvimento sustentável até hoje.

Nessa perspectiva, o DESIGN aparece pelo fato de estar diretamente associado à producão de objetos ou artefatos, e lentamente começou a ganhar uma conotação de atividade elitista pelo Mercado de consumo, no entanto muito degradadora; Isso vem se desenrolando no tempo até os dias de hoje. Contudo no início da década de 90 esse panorama começou a mudar e hoje poderíamos dizer que base da discussão sobre a atividade do DESIGN passa por questões complexas do mundo moderno e globalizado, como por exemplo(dentre tantas), a distância e as diferenças entre pobreza e riqueza, produto e produção, além é claro do meio-ambiente.
Algumas partes do DESIGN ainda tendem a concentrar seus esforços em ocupar os espaços somente na criacão e produção de produtos, sem levar em conta a crescente desigualdade social e consumo desenfreado dos recursos não renováveis do planeta, causando muitas vezes, um confronto ideológico de grandes proporções.
Desse modo, podemos verificar que as ciências certamente fizeram que compreendêssemos muitas certezas, porém ajudaram também a esclarecer as zonas de incertezas.
Uma sugestão político pedagógica considerada importante nos dias de hoje, seria mostrar um diálogo criativo e respeitoso entre as dúvidas e interrogações como uma questão natural e saudável e não como uma problemática no processo, pois somente encarando uma postura transdisciplinar isso poderia ser gerido com mais facilidade.

Evidentemente isso não é muito fácil de se sistematizar e principalmente colocar em prática, porém uma abordagem mais pragmática já seria o bastante para iniciar uma nova onda contra as mazelas de hoje. Há de se sistematizar primeiramente com mais intensidade a questão da Educação, pois através dela seguramente poderemos iniciar uma “grande obra”.

No livro “OS SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO FUTURO”, Edgar Morin coloca a Educação como elemento universal, centrado na condição humana e na efetiva necessidade do nosso tempo e nesse contexto exalta o reconhecimento da diversidade cultural, inerente a tudo que é humano, fato de extrema relevância para essa reflexão.

5 comentários:

rQuadros "AbujaMra" disse...

Interessantes "pensamentos imperfeitos".

Para mim, design é apoiado em um tripé de fatores; técnicos, estéticos e ergonômicos. Por esse último, entendo como sendo o conjunto de conceitos (usabilidade, visibilidade, leiturabilidade, legibilidade, acessibilidade, só para citar alguns) que viabilizam a melhor interação possível entre "sistema" - o objeto no seu entendimento mais amplo - e usuário - prevalencendo entre estes a raça humana. Na visão mais rasteira possível, a manutenção do meio-ambiente é uma questão primária para viabilidade da interação homem-sistema - poluição = fim do planeta = fim dos humanos = produto em estoque. Logo, sustentabilidade - ó mais uma "bilidade" ai - faz parte dos conceitos ergonômicos e por tanto indispensáveis para o design.

Ainda assim, me pergunto quanto do movimento pró-sustentabilidade é de fato reeducação e quanto é modismo passageiro.

Abs!

Alessandro Faria disse...

Querido Abujamra,

Ergonomia é item técnico meu caro!

O tripé com Técnicos, estéticos e de significado seriam ideais.

Sustentabilidade está muuuuuuito longe de fazer parte de aspectos ergonômicos.

Definitivamente não é isso!!!

Sustentabilidade é sinteticamente o seguinte:
"...prover os recursos atuais sem danificar e comprometer as futuras gerações. O sistema é auto-suficiente..."

Na parede do Epicentro tem lá a definição.

Agora...se vai virar moda ou não eu não tenho uma bola de cristal para ver, mas tô adorando que vire. De verdade!!!

Alessandro Faria disse...

Ahhh esqueci de dar um exemplo concreto:
O trabalho de Andréia - SISTEMA DE PROTEÇÃO AO ARTESANATO - que estamos realizando lá no Epicentro pode ser considerado sustentável.
Usa de recursos baixíssimos para desenvolvê-lo, não usa energia elétrica, nuclear, solar, eólica, etc, etc... e ainda utiliza como matéria-prima, elementos naturais da própria comunidade e seu entorno: Bambu, cipó, palha da costa, fibra de bananeira, dentre outras.
O mais banaca é que o projeto utiliza todos esses recursos "naturebas", mas pensa sistemicamente com produção seriada.
Na etapa fical, o SISTEMA funcionará como uma linha tradiconal de produção de uma fábrica. Porém limpa!!! Muito limpa!
Além de resolver detalhes técnicos e estéticos ele ainda possui uma "veia" de significado que eu nem consigo dimensionar direito. Há mais de 200 anos existe esta comunidade preduzindo cerâmica. Imaginem o quanto isso significa para eles??
É o DESIGN saindo dos estereótipos e indo ao MUNDO REAL.
Que bons ventos nos levem meu caro Epicêntrico!!! Bons ventos...

A Rádio IFBA disse...

Maravilha Dadau. Não tinha colcado as coisas nessa ótica, mas entendi vossa menssagem. Gostei da discussão, vamo levar isso pro nosso espaço e fazer um vídeo? Discussão durante os trabalhos diários?!? Acho massa, vamo ver se rola.

Abs!

Augusto Leal disse...

"Deixar o mundo melhor do que encontramos, essa é a nossa missão" Luiz Marfuz.

Essa frase é muito interessante e uma forma de deixar o mundo melhor é trabalhar, projetar, voltado para a sustentabilidade.